quinta-feira, 11 de agosto de 2011

CORDEL DO TO

CORDEL DO TO


 

Tudo que eu vou contar

Foi de coisas que eu vivi

Pelas estradas da v ida

Muita gente conheci

Gente Forte, gente amiga

De luta, oprimida

Que nunca mais esqueci


 

Tem um que ri de si mesmo

E ri com vontade

Grande, forte, destemido

Ízide o conhece com propriedade

Solta pipa, roda pião

Dança ciranda, dá a mão

Ás crianças da cidade


 

Tem outro que chegou mais tarde

Gosta de samba canção

De soltar a voz do nada

Parece um caldeirão

Bicho solto, movimento

Cada um em cada tempo

Alma nova aposentada


 

Tem ainda os que faltaram

E foram pegar pincel

Escolheram as suas cores

Como pintassem o céu

Quatro mãos em sintonia

Vivendo grande alegria

Nunca os vi tocar um Creu


 


 

Outro que me lembro

É quente como o Sol

Aproveita no sul da ilha

Os povos do arrebol

Traz sua filha contente

Apresenta a toda gente

A luta do bem e do mal


 

Revejo amiga das antigas

Ela chega lentamente

Suas costas com cuidados

Nem tudo pode estar presente

Ai, ui essa não posso

Eu sou de carne e osso

Oh, teatro diferente!


 

Tem duas com cara de índias

Vivem debaixo do mesmo teto

Capoeiristas de verdade

Tambor sempre por perto

Nas baladas da noite

Nas histórias de açoite

O mundo não é deserto


 

Tem mais duas que chegaram de longe

Uma cuida da mente, outra da hora

O teatro as convida

Vamo embora...

Pra aprender mais um pouco

Desse tetro muito louco

Do fazer aqui, agora


 

Tem um fulano boa gente

Por ele tenho carinho...

Oh!Conheço desde "pequenu"

Foi la que cruzamos caminho

A Márcia me apresentou

Um aperto de mão selou

Ele é verso e estribilho


 

Tem outro que é mais recente

Tem a força de um leão

Quem o vê não imagina

As linhas de sua mão

Lava rostos, pinta e cria

Tudo, na mais profunda sintonia

O seu grupo em expansão


 

E duas que se embrenham

Nesse teatro- comunidade

Foram parar num Conto

Canto da felicidade

De ver delegado, mulher e bandido

Tudo junto, reunido

Para um fórum de verdade


 

Tem aquele radical

Que gosta de ir a raiz

Voa, surfa, se desafia

Fez o que sempre quis

Coordena publicação e poesia

Adora o cheiro da maresia

Isso tudo para ser feliz


 

Tem um também que é camarada

Pros quesitos da comida

No primeiro TO... sanduíche!

Que nada!Vamo é pra linguiçada

Um tijolo palha e carvão

Coca cola isqueiro e pão

A amizade rateada


 

Tem um rapaz interessante

Gosta de sonoplastia

Bate no corpo, faz um som

Até parece bruxaria

Puxa como um cantador

Parece um galo crivador

Que a cidade acordaria


 

E outra que conheço

A muito tempo distante

Esta é sindicalista

Sempre na linha de frente

Reconheci nas "Madalena"

Um personagem... vale a pena

Um tambor que diz bastante


 

E outra também sindicalista

Agora da prefeitura

Boa gente, sorriso aberto

O que qués ó criatura

Eu; contribuir

No boteco: beber, comer e rir

No TO... as esculturas


 

E tem aquele que veio

Uma mala vem puxando

Dançou, pulou, brincou

Sua risada é um espanto

Sua mãe coordenadora

O seu som uma pandora

Um músico e tanto


 

E tem mais a parceria

De um casal interessante

Ele vem de "maverik"

Com a sua tripulante

De muletas, devagar

Cuidado onde sentar

Ó TO pra mexer com a gente


 

E tem aquela moça

Que andava pela cidade

Fazendo cartilhas pras meninas e meninos

E pra gente de todas as idades

Conheceu o Teatro do Oprimido

Um teatro dá sentido

A essa moça humanidade


 

Tem também a grande mestra

Por ela tenho paixão

Coordena o nosso FOFA

Mulher da multiplicação

Tem no teatro comunidade

O vínculo com a sociedade

Construindo o nosso chão


 

E tem aquela que movimenta

Seus jogos, que diversão!!!

Vem ensinar o que sabe

"pessoas" prestem atenção


 

O Teatro do Oprimido

De muitos jeitos pode ser lido

Esqueça a fala. Ação!!!


 

E tem aquele que não veio

Mas sempre estará presente

Nós falamos muito dele

Sempre vivo em nossas mentes

Criou o Teatro do Oprimido

Foi exilado, perseguido e querido

Agradeço por toda gente


 

E como cordelista aprendiz

Venho aqui me apresentar

Sou Nado Gonçalves

Gosto de aprender e de ensinar

Alguns dizem que não tenho limites

Outros que preciso de um arrebite

O certo é que erro muito, com vontade de acertar


 

E aqui me despeço

Obrigado pela atenção

Tentei fazer mesmo que no TO

Como nos desenhos, músicas, imagens, encenação

Para alimentar nos amigos

Isso tem a ver comigo!!!

O poder da imaginação


 


 

Ilha de santa Catarina, agosto de 2011.

Nado Gonçalves

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